Por Luciene Gallo.
Proposta está em tramitação na Câmara e busca reduzir filas, acelerar diagnósticos e fortalecer a transparência na rede pública de saúde.
A Câmara Municipal de Maringá analisa o Projeto de Lei nº 17.766/2025, de autoria do vereador Odair Fogueteiro, que propõe estabelecer um prazo máximo de 60 dias para a realização de consultas e exames especializados classificados como prioridade alta no Sistema Municipal de Saúde. A medida pretende enfrentar um dos maiores desafios do SUS no município: a longa espera para atendimentos que exigem urgência diagnóstica.
De acordo com o texto em análise, qualquer consulta ou exame solicitado por profissionais da rede pública e enquadrado como prioridade alta — conforme critérios dos protocolos clínicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Municipal de Saúde — deverá ser realizado em até 60 dias a partir da data de solicitação.
Classificação de prioridade e responsabilidade da execução
A definição da prioridade seguirá parâmetros clínicos e epidemiológicos utilizados nacionalmente, garantindo que pacientes com maior risco ou necessidade de diagnóstico rápido tenham atendimento acelerado.
A execução da lei, caso aprovada, ficará a cargo da Secretaria Municipal de Saúde, incluindo:
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organização da regulação,
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ampliação e distribuição da oferta,
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monitoramento da demanda e da capacidade instalada.
Especialistas apontam que prazos estabelecidos por lei ajudam a padronizar procedimentos, evitam atrasos injustificados e criam previsibilidade para pacientes com condições graves, como doenças cardíacas, suspeitas de câncer, problemas neurológicos e distúrbios endócrinos.
Uso de tecnologia e parcerias para evitar gargalos
Para garantir que o prazo seja cumprido, o projeto autoriza o município a adotar uma série de medidas modernas e complementares, tais como:
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parcerias com clínicas e laboratórios privados credenciados,
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telessaúde e telediagnóstico, ampliando o alcance da rede sem sobrecarregar unidades físicas,
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sistemas de regulação com inteligência artificial, capazes de triar, priorizar e distribuir demandas com maior precisão,
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integração com a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) para evitar duplicidade de exames e facilitar o histórico clínico do paciente.
A presença da inteligência artificial como ferramenta de gestão da fila é vista como uma inovação importante. Cidades que já utilizam sistemas semelhantes observaram reduções de até 30% no tempo médio de espera.
Relatórios trimestrais e transparência
Um dos pontos mais relevantes do projeto é o compromisso com a transparência. A Secretaria Municipal de Saúde será obrigada a divulgar, a cada três meses:
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o número de exames e consultas solicitados com prioridade alta,
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o percentual atendido dentro do prazo legal,
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o tempo médio de espera por especialidade,
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as ações corretivas adotadas em casos de descumprimento.
Para especialistas em políticas públicas, esse tipo de relatório pode impedir a formação de filas ocultas, além de permitir que a população e os órgãos de controle acompanhem a real eficiência da rede.
Impacto esperado para a população
Caso aprovado, o projeto poderá representar um avanço significativo para pacientes que dependem do SUS em Maringá. Diagnósticos tardios são uma das principais causas de agravamento de quadros clínicos, internações prolongadas e aumento de custos para o sistema.
Ao reduzir o tempo de espera, o município pode:
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melhorar os índices de resolutividade,
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evitar complicações em doenças graves,
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oferecer mais qualidade de vida aos pacientes,
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reduzir sobrecarga sobre UPAs e pronto-atendimentos,
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tornar o fluxo do SUS mais eficiente.
A proposta segue em tramitação pelas comissões e, posteriormente, será levada ao plenário para votação dos vereadores.
Da Assessoria










